...dizia Charles Dickens, num livro (mais um) na minha lista de não-lidos.
como tudo, todos os sonhos têm dois lados da moeda. começam invariavelmente com a perseguição, a frustração no tropeçar em falso das pedras da calçada. muitos ficam por aí, outros seguem o seu caminho até ao rasgar da invariável fita no atingir do horizonte durante tanto tempo distante.
a chegada é sempre um misto de realização, tristeza, felicidade e medo. um conjunto de pessoas, de coisas, que correspondem à imagem durante tanto tempo difusa, de tão clara. pessoas que marcam momentos fúteis, abraçam tristezas e elogiam sorrisos. [pessoas que ficam - na partida.]
aí reside, contudo, a dualidade do sonho. é sempre tarde, e falta sempre o novo caminho que possa popular um horizonte mais longínquo, que nos faça seguir caminho, continuar a lutar contra os estigmas que refrearam a passagem por estradas mais ou menos enlameadas, muitas vezes percorridas no silêncio ensurdecedor que só a solidão sabe proporcionar.
talvez por isso saiba sempre tão bem voltar a casa, rever o conforto de abraçar a guitarra no escuro
[onde ninguém ouve].
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