"Quero acreditar que já não
estarias em casa por alturas em que cheguei mas não sei dizer. A verdade é que
não te procurei. Mais uma vez. Penso que fiz as coisas do costume, penso hoje
quando penso nisso que fiz as coisas do costume, terei deixado o sobretudo ao
acaso, abri o frigorífico fechei abri uma outra vez, sem saber bem o que
procuro, acontece-me quase sempre.
As coisas do costume. Vagueei sem saber
bem, o sobretudo caído alguém há-de arrumar, tu tratas disso. Do frigorífico
abro fecho abro outra vez, quero pouco, não sei que quero, deixei de beber
prometi-te acho que te prometi, não sei que beba. [...]
[...] Como juro não quero jurar mas vou, que me fazes
falta, eu que gosto pouco de juras, desconfio, acho que dá sempre mau
resultado.
Penso nisto quando queria era saber escrever senão as coisas que me passam pela cabeça sem destino destinatário, garrafa de náufrago.
Penso nisto quando queria era saber escrever senão as coisas que me passam pela cabeça sem destino destinatário, garrafa de náufrago.
Fazes-me
as vezes que menti a dizer que era indiferente
falta."
(Rodrigo Guedes de Carvalho in "A Casa Quieta")
No comments:
Post a Comment