Thursday, October 13, 2011

a porta para dentro


"Quero acreditar que já não estarias em casa por alturas em que cheguei mas não sei dizer. A verdade é que não te procurei. Mais uma vez. Penso que fiz as coisas do costume, penso hoje quando penso nisso que fiz as coisas do costume, terei deixado o sobretudo ao acaso, abri o frigorífico fechei abri uma outra vez, sem saber bem o que procuro, acontece-me quase sempre.

As coisas do costume. Vagueei sem saber bem, o sobretudo caído alguém há-de arrumar, tu tratas disso. Do frigorífico abro fecho abro outra vez, quero pouco, não sei que quero, deixei de beber prometi-te acho que te prometi, não sei que beba. [...]



[...] Como juro não quero jurar mas vou, que me fazes falta, eu que gosto pouco de juras, desconfio, acho que dá sempre mau resultado.
Penso nisto quando queria era saber escrever senão as coisas que me passam pela cabeça sem destino destinatário, garrafa de náufrago.
Fazes-me
as vezes que menti a dizer que era indiferente
falta."

(Rodrigo Guedes de Carvalho in "A Casa Quieta")

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